Entrevista exclusiva ao nº 1.

Fomos à Boiça falar com os responsáveis da Lista “Só Canas”. Simpaticamente fomos conduzidos por uma menina para uma sala ampla, harmoniosamente decorada com peças de caça e na parede central “A última ceia”. Este Da Vinci não nos surpreendeu, na Redacção Editorial do Cereja, a lista dos moderados é conhecida como a lista “dos meninos de coro”.
A mesa estava posta, salgadinhos, queijo da serra e outras iguarias. Com receio que me controlassem quantos acepipes comia, coloquei apenas 3 palitos no pires de porcelana “Vista Alegre” e os restantes (28) no bolso do terno feito pelo nosso Alfaiate.
Simpaticamente, a menina informou que o Sr. Mouraz estava para Lisboa a reunir com o Eng. Belmiro de Azevedo, mas o nº 1 da lista, Sr. Aires, estava a chegar.
A sede de campanha situa-se num local muito agradável com vistas para a Serra da Estrela. A menina não tirava os olhos de cima de mim (convicto que era pelos meus bonitos olhos mas, mais tarde vi que o bolso do terno estava roto e as pontas dos palitos estavam visíveis).
Disse-lhe que ia estender as pernas e assim esperava o Sr. Aires à entrada da casa. Questionei qual era o carro que o nº 1 conduzia, a menina informou-nos: “Por razões de segurança, a qualquer momento podemos ter que fugir aí pelas carreiras da vinha, o Sr. Aires vem de mota.”

Não demorou muito, o nº 1 pediu desculpa pelo atraso mas tinha havido problemas de contacto com os elementos de segurança e por isso só arriscou fazer a viagem quando lhe foi assegurado que não havia milícias na rua. A verdade é que o homem não chegou atrasado, tínhamos combinado pelas 16 horas e eram 15.55.
Achámos o homem mais magro, explicou-nos que tem estado refugiado (por questões de segurança não indico se na Serra do Pai Mouro ou na da Pantanha) e que as conservas de sangacho de atum e de sardinha em calda de tomate há muito tinham acabado.
Só tínhamos uma questão para lhe colocar: Como pensava atrair investidores para Canas:

“Habemos est modus, sit pro ratione voluntas, nec plus…”
Sr. Presidente tem de ser em português…
“Peço desculpa, é a força do hábito. Temos que criar uma imagem positiva da nossa terra, somos um povo acolhedor, temos quadros suficientes para novas unidades industriais. Estamos servidos com excelentes vias de comunicação, sempre defendi que com a entrada na U.E. (então CEE) o interior passava a ser o litoral do país (a porta de entrada do país). Como transmitir essa imagem? Temos várias associações, designadamente da juventude que estão a fazer um excelente trabalho com a realização de eventos culturais e desportivos.
Para além disso, (e é o Sr. Mouraz que está com essa pasta), vamos organizar uma visita de empresários a Canas, depois de conhecerem as nossas termas, o requinte do hotel da Urgeiriça, a nobreza do solar Abreu Madeira, a nossa gastronomia, acredite, o Eng. Belmiro de Azevedo deixa a quinta de Penafiel e muda-se para cá e instala aqui uma unidade fabril.”

Num primeiro momento não ficámos muito convictos, mas quando em off relatou-nos como conseguiu que o Sr. Gabriel Costa investisse em Canas, verificámos que há muitas formas de coçar as “costas”. E mais não digo, porque a conversa foi em off… (e também não digo porque o Sr. Dr. Gabriel Albuquerque Costa disse aos jornais que foi o Dr. Correia que o convidou).

Perguntámos ainda se se confirmava que o Pequeno Grande Líder, Dr. Marques Mendes, tinha solicitado ao Sr. Mouraz e a um médico de Canas que se deslocassem a Lisboa para falar sobre os mais diversos assuntos. O nº 1 disse-nos, amavelmente, que compreendia a nossa pergunta, mas só podia adiantar que a Lista “Só Canas” tem mantido contactos com diferentes entidades nacionais, açorianas e internacionais.

Finalmente, o Sr. Aires pediu desculpa por o Sr. Melro ter afirmado à Rádio Tom Dela que este(a) “pasquino” não está a fazer cobertura da campanha dos moderados. Explicou-nos que a fama subiu à cabeça do Sr. Melro, só diz: “Já viram o jornal? Já viram o Cereja? Falam em mim!”. Numa das reuniões na Boiça, o Sr. Melro ia se pegando com o Sr. Júlio, como transformou-se numa figura mediática referiu em plena reunião: ”Eu é que devia ser o nº2!”

Repórter Cereja.