O Herói faz anos e não me diziam!
Povoa de Santo António. O dia nasceu limpo. Olhando para Nascente os pinheiros só deixavam ver a parte superior das chaminé dos fornos 10,11 e 12. A poente, se não fosse o alto da Póvoa de Lisboa avistava-se o Oceano Atlântico.
A proprietária da casa alpendrada viu chegar ao fim a sua gravidez. Há nove meses, a senhora tinha solicitado ao seu esposo para lhe fazer um filho inteligente como o pai e bonito como a mãe, ao qual o marido retorquiu: -“Minha estimada senhora e se eu lhe fizer um menino inteligente como a mãe e bonito como o pai?”
O parto ocorreu no quarto das visitas, a mãe do menino dormia nestes aposentos porque no quarto de casal o telhado metia água. Apesar do Sr. Gonçalves ser um rico agricultor e proprietário de muitos pinhais, os afazeres com as culturas não lhe permitiram pôr madeira nova na cobertura da sua habitação. O pai queria um menino para o ajudar na lavoura, e sua querida esposa fez-lhe o desejo, deu-lhe um varão. Manuel é a criança mais bonita que nasceu nestas redondezas. Não há memória de ter nascido no povoado rebento com cara tão graciosa como esta.
O “Nelito” nasceu de parto normal. Mais um rebento que vem ao mundo pelas mãos da Ti Albertina, “curiosa” de Canas de Senhorim.
A tarefa do pai do menino consistiu em acender a fogueira com lenha das suas matas e aquecer a água numa grande panela de ferro para os banhos da parturiente e do rebento.
Póvoa é conhecida pelas propriedades das suas águas, mas a pedido de Ti Albertina, no dia anterior o desumidificador trabalhou durante todo o santo dia para se ter água destilada.
Da varanda do quarto informa a parteira:
- “Senhor, Vosso filho nasceu. Ele está bem.”
- “Como está minha querida e adorada esposa?”
- “Está igualmente bem, faça-me um favor… trazei mais água quentinha e suba.”
O pai encheu um cântaro com água e subiu ao primeiro andar. Deu a água à senhora e dirigiu-se à cabeceira da cama, beijando a sua companheira que tinha o rebento nos braços.
O menino estava sossegado, a mãe de uma forma meiga falava com ele num dialecto “-La…La… Li…Li…Cóchegas… Ti…Ti…”. O menino abriu a boquinha e mostrou a língua, parecia sorrir…
- “Tem as feições do Senhor.” Diz a mãe de Manuel.
- “Perdoai-me, parece que são as suas, minha querida e adorada senhora, se assim não for o Cereja tem que rever parte desta rábula…”
- “Vou dar banho ao menino”, Ti Albertina pega na criança, colocando sua mão direita sob a cabecinha, leva-a até a um lavatório de esmalte com água quentinha. O menino parece gostar, com os seus pezitos chapinha a água, molhando o soalho. A avó limpa a água não vá a madeira mais tarde estragar-se com a humidade.
O primeiro fatinho é de cor azul, na parte da frente tem bordado um marinheiro da antiga “Companhia Ultramarina de Navegação”. Esta veste foi emprestada ou dada por alguém. No início, a mãe ainda tinha separado a roupa por cada dador, mas agora estava tudo misturado no guarda-fato o que tornará missão impossível restituir toda a roupa a quem cedeu na condição de ter volta.
A cor azul predominava na gavetinha do menino: babetes, fatinhos, fraldas de pano, mantas, gorros e casaquinhos. Em cima da gaveta, peluches em forma de ursos, leões e outras bicharadas. Perante tantos animais, quando for maior será defensor dos animais ou caçador de caça grossa ou terá alcunha de um animal.
***
Bateram à porta, era o Dr. Madeira, médico de clínica geral. Foi ele que indicou a Ti Albertina. É raro fazer partos, normalmente é o responsável pelos mais complicados, diz que por cada um, lhe tiram anos de vida.
Vendo o menino: -“ Que tesouro vós tendes aqui!” É pai de duas meninas.
Nunca deixou falar o povo nas consultas, as pessoas mal podem dizer “Ai! Dói-me aqui, deve ser o… ”, que logo pergunta: “Quem é aqui o médico?!”
Assim, nunca ninguém teve a coragem de lhe ensinar como se faz para se ter um rapaz. E como ele queria um filho médico para lhe deixar o consultório e a respectiva clientela!
O Doutor viu o menino, estava tudo bem. Despediu-se:
-“ Qualquer coisa que seja necessário, podeis contactar-me…”
Depois seguiu, no seu Citroen 2 CV, em direcção ao Posto Médico de Canas.
Na Casa Alpendrada, diz a parteira:
- “O menino tem algo na mão, parece um papel enrolado!”
- “Pois tem, ainda não tínhamos reparado, como é que ele nasceu com um pergaminho?” Perguntou muito admirado o pai.
O pai desenrolou, leu primeiro para si e sorriu.
- “Senhor, faça o favor de ler.” Pediu a esposa.
“Pai, trata bem de mim que eu um dia vou ser o nº 9 da lista “Só Canas”.
A proprietária da casa alpendrada viu chegar ao fim a sua gravidez. Há nove meses, a senhora tinha solicitado ao seu esposo para lhe fazer um filho inteligente como o pai e bonito como a mãe, ao qual o marido retorquiu: -“Minha estimada senhora e se eu lhe fizer um menino inteligente como a mãe e bonito como o pai?”
O parto ocorreu no quarto das visitas, a mãe do menino dormia nestes aposentos porque no quarto de casal o telhado metia água. Apesar do Sr. Gonçalves ser um rico agricultor e proprietário de muitos pinhais, os afazeres com as culturas não lhe permitiram pôr madeira nova na cobertura da sua habitação. O pai queria um menino para o ajudar na lavoura, e sua querida esposa fez-lhe o desejo, deu-lhe um varão. Manuel é a criança mais bonita que nasceu nestas redondezas. Não há memória de ter nascido no povoado rebento com cara tão graciosa como esta.
O “Nelito” nasceu de parto normal. Mais um rebento que vem ao mundo pelas mãos da Ti Albertina, “curiosa” de Canas de Senhorim.
A tarefa do pai do menino consistiu em acender a fogueira com lenha das suas matas e aquecer a água numa grande panela de ferro para os banhos da parturiente e do rebento.
Póvoa é conhecida pelas propriedades das suas águas, mas a pedido de Ti Albertina, no dia anterior o desumidificador trabalhou durante todo o santo dia para se ter água destilada.
Da varanda do quarto informa a parteira:
- “Senhor, Vosso filho nasceu. Ele está bem.”
- “Como está minha querida e adorada esposa?”
- “Está igualmente bem, faça-me um favor… trazei mais água quentinha e suba.”
O pai encheu um cântaro com água e subiu ao primeiro andar. Deu a água à senhora e dirigiu-se à cabeceira da cama, beijando a sua companheira que tinha o rebento nos braços.
O menino estava sossegado, a mãe de uma forma meiga falava com ele num dialecto “-La…La… Li…Li…Cóchegas… Ti…Ti…”. O menino abriu a boquinha e mostrou a língua, parecia sorrir…
- “Tem as feições do Senhor.” Diz a mãe de Manuel.
- “Perdoai-me, parece que são as suas, minha querida e adorada senhora, se assim não for o Cereja tem que rever parte desta rábula…”
- “Vou dar banho ao menino”, Ti Albertina pega na criança, colocando sua mão direita sob a cabecinha, leva-a até a um lavatório de esmalte com água quentinha. O menino parece gostar, com os seus pezitos chapinha a água, molhando o soalho. A avó limpa a água não vá a madeira mais tarde estragar-se com a humidade.
O primeiro fatinho é de cor azul, na parte da frente tem bordado um marinheiro da antiga “Companhia Ultramarina de Navegação”. Esta veste foi emprestada ou dada por alguém. No início, a mãe ainda tinha separado a roupa por cada dador, mas agora estava tudo misturado no guarda-fato o que tornará missão impossível restituir toda a roupa a quem cedeu na condição de ter volta.
A cor azul predominava na gavetinha do menino: babetes, fatinhos, fraldas de pano, mantas, gorros e casaquinhos. Em cima da gaveta, peluches em forma de ursos, leões e outras bicharadas. Perante tantos animais, quando for maior será defensor dos animais ou caçador de caça grossa ou terá alcunha de um animal.
***
Bateram à porta, era o Dr. Madeira, médico de clínica geral. Foi ele que indicou a Ti Albertina. É raro fazer partos, normalmente é o responsável pelos mais complicados, diz que por cada um, lhe tiram anos de vida.
Vendo o menino: -“ Que tesouro vós tendes aqui!” É pai de duas meninas.
Nunca deixou falar o povo nas consultas, as pessoas mal podem dizer “Ai! Dói-me aqui, deve ser o… ”, que logo pergunta: “Quem é aqui o médico?!”
Assim, nunca ninguém teve a coragem de lhe ensinar como se faz para se ter um rapaz. E como ele queria um filho médico para lhe deixar o consultório e a respectiva clientela!
O Doutor viu o menino, estava tudo bem. Despediu-se:
-“ Qualquer coisa que seja necessário, podeis contactar-me…”
Depois seguiu, no seu Citroen 2 CV, em direcção ao Posto Médico de Canas.
Na Casa Alpendrada, diz a parteira:
- “O menino tem algo na mão, parece um papel enrolado!”
- “Pois tem, ainda não tínhamos reparado, como é que ele nasceu com um pergaminho?” Perguntou muito admirado o pai.
O pai desenrolou, leu primeiro para si e sorriu.
- “Senhor, faça o favor de ler.” Pediu a esposa.
“Pai, trata bem de mim que eu um dia vou ser o nº 9 da lista “Só Canas”.
14 Comments:
lol
Que saudades das chaminés dos fornos... E eu que pensava que não via o oceano por causa do caramulo, afinal é pelo alto da póvoa de lisboa. :O)
Parabéns e muitos anos de vida.
Muitos anos de vida e com saúde.
Espero que já esteja refeito do susto, ou será que nem se assustou?
Parabéns pelo texto e ao seu herói.
Já agora, prometo-lhe que não escreve mais sobre ele.
:D
Mentirosos o Melro não fez nada anos ! Eu hoje confirmei na reunião. Na nossa reunião e nao foi na Lapa do Lobo.
Secalhar faz anos duas vezes no ano. LOL
A real data e a data do BI. :D
Lol.
Eu não disse que "fez", eu escrevi "faz", como qualquer pessoa ele faz anos, em que data não sei e nem é relevante.
LOL para vcs também.
LOL.
Ai Sr. Cereja só por causa disto vai levar com o pau de marmeleiro.
sua doida, sua maluca :)
Lol para vc também
LOL
éina carago o cereja já expilica os seus esforçados textos patati patatá eheheh GANDA MALUCA...aí o que um vendido sofre!
Com a do "fez e com a do "faz" é que nos lixou ó cereja. :D
Você é tramado e eu que pensava que ele fazia mesmo anos nesse dia, tive para ir a casa dele dar-lhe os parabéns e tudo. LOL
O Cereja é mesmo tramado, o homem fez anos no dia 22.
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