sábado, agosto 27, 2005

In Jornal do centro (acontecimentos de 12 de Agosto)

Na sexta-feira, dia 12, uma das funcionárias da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim foi impedida de entrar no local de trabalho. Os cerca de 50 canenses que se reuniram à porta da junta injuriaram a funcionária e a jornalista que foi, junto dos manifestantes, saber o porquê da concentração.
Texto Isabel Marques NogueiraJunto do edifício da junta concentravam-se as mulheres. Do outro lado da estrada, estava o lado masculino reunido. Era o cenário que o Jornal do Centro encontrou quando chegou. E à pergunta da jornalista: Porque é que estão aqui reunidos? A resposta foi: “Estamos aqui a cumprir um dever”. “Temos os nossos motivos para estar aqui”. Com as breves respostas vieram os insultos e palavras menos simpáticas acompanhadas de ameaças à jornalista que tentava perceber o porquê da concentração.A concentração surge depois de um comício de Luís Pinheiro, líder do Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim (MRCCS), na noite de quinta-feira, dia 11, onde anunciou que se ia afastar do movimento.O Jornal do Centro sabe que, contrariamente ao que foi divulgado, a concentração serviu para impedir que uma das secretárias administrativas da junta de freguesia entrasse no seu local de trabalho. A funcionária viu-se “obrigada a refugiar-se” no posto da Guarda Nacional Republicana (GNR), que se situa ao lado do edifício da junta, com “medo” que a população “passasse das palavras aos actos” - manifestou a funcionária. No entender da funcionária a reacção deve-se ao facto de ter assinado na outra lista que apareceu.O mesmo posto que abrigou a jornalista que, ao tentar tirar uma fotografia, na via pública, ao edifício da junta, se viu reunida de manifestantes que a impediram de realizar o seu trabalho. “Não dêem espectáculo que ela está a apontar tudo”. “A gente não quer, não tira fotografias. Quem manda somos nós”. “Estamos irritados e mais nada”. “Se sair alguma fotografia ponho-lhe um processo em cima e ao jornal”. “Vá-se embora para a sua terra, não tem nada que estar aqui”. “Vá pedir informações a quem a mandou cá, ao José Correia (presidente da Câmara de Nelas)” – proliferaram as vozes femininas. “A vaca está a escrever”. “Se aqui tivesse um tomate podre, atirava-te com ele” – ouvia-se em tom masculino. O mesmo posto onde se dirigiu uma senhora para, à frente dos agentes da GNR, gritar: “A senhora [jornalista] está a provocar o povo e está sujeita a gente exaltar-se. Ainda vai corrida. Daqui a pouco leva para aqui uma tareia”.Este episódio vem no seguimento de um primeiro que decorreu na segunda-feira, dia 8 de Agosto. A mesma funcionária foi, alegadamente, agredida verbalmente e ameaçada à porta do local de trabalho, tendo de seguida apresentado queixa na GNR. “Anda lá que não perdes pela demora, sua vaca de merda. Anda lá que ainda hás-de ser corrida daqui, sua vaca” - recorda a ofendida. Segundo a trabalhadora, as palavras foram proferidas por Álvaro Couto, um dos elementos do MRCCS, depois de ter assinado pela lista de Aires dos Santos, que vai concorrer à Junta de Canas nas próximas autárquicas. Álvaro Couto desmentiu o sucedido, na quarta-feira, dia 10, dia em que o Jornal do Centro tomou conhecimento e o confrontou com as acusações. “Não reconheço nas funcionárias determinados tipos de problemas de saúde, mas não deve estar boa da cabeça. Essa senhora está a inventar. Penso que quem inventou isso tem propósitos políticos” – manifestou Álvaro Couto.O presidente da junta, Luís Pinheiro, disse ao Jornal do Centro que “o povo deu as respostas que entendeu que devia dar” e acrescentou que “se soubesse na altura do sucedido teria agido”. “Ontem [terça-feira, dia 16] eu estava lá e elas entraram para trabalhar”.
... e assinaturas da lista opositora queimadas
No último dia, 16 de Agosto, para a entrega das listas candidatas para as eleições autárquicas, em Outubro, no tribunal, um dos elementos da lista encabeçada por Aires dos Santos - lista alternativa que apareceu recentemente na freguesia de Canas de Senhorim - foi alegadamente agredido física e verbalmente por elementos do Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim (MRCCS).O elemento da lista dirigiu-se à sede da junta “para levantar o documento que faltava e era necessário para a entrega da lista no Tribunal de Nelas” - segundo uma fonte do Jornal do Centro. Ao sair do edifício, foi alegadamente “espancado pelos manifestantes que se encontravam à porta da junta”. “Bateram-lhe, trataram-no mal verbalmente, insultaram-no, e fizeram desaparecer os documentos que tinha acabado de levantar na junta de freguesia” - continua a mesma fonte.O agredido voltou a entrar no edifício da junta, para chamar a GNR, que fica a escassos metros, chamada que efectuou de um telemóvel. A GNR não apareceu e o canense saiu, novamente, para se dirigir ao posto e apresentar queixa, tendo sido, alegadamente agredido, de novo, rasgando-lhe a camisa.O presidente da junta, Luís Pinheiro relata que se limitou a fazer o que tinha que fazer: “Assinei as declarações à pessoa e ele assinou em como lhas entreguei. O que se passou cá fora não sei”. Luís Pinheiro acrescenta que “pouco tempo depois ele voltou a entrar pela junta, aos berros e a pedir para chamarem a GNR”. “Quem queria chamar a GNR era ele, portanto, disse-lhe para ele pegar no telemóvel e chamar. E ele chamou. Eu não tenho que chamar a GNR, ele que a chamasse. Não tenho nada a ver com isso” - remata.Luís Pinheiro no comício realizado na quinta-feira, dia 11, avisou que ia abandonar a liderança do movimento e não se ia candidatar à junta.“Desde o dia 11 que não estou à frente do movimento, não tenho que responder por ele. Continuo na luta, mas não lidero o MRCCS. Não sou líder de um movimento que luta por um concelho onde há pessoas a criarem instabilidade e a dividir Canas. A luta pelo concelho não acaba, só o povo pode acabar com a luta, não sou eu. E o que é que é mais democrático que o povo? Esta lista aparece não com o intuito de construir, mas sim para afastar as pessoas. Não são os votos que me assustam, porque em democracia é o povo que mais ordena” - avisa Luís Pinheiro. O autarca, no mesmo discurso, adianta que já não vai ser candidato, mas a lista que encabeçava deu entrada no tribunal. “Não sou candidato. Foram ao tribunal entregar a lista, mas, neste momento, é contra a minha vontade. É claro que se quisesse eu tirava o meu nome, mas ainda estou a tempo de o fazer, mas em democracia é o povo quem mais ordena” - remata.A lista do qual Aires dos Santos é cabeça-de-lista não entregou na data limite a lista, no Tribunal de Nelas, mas segundo fonte do Jornal do Centro “está-se a tentar fazer tudo por tudo” para que os documentos ainda sejam apresentados.

6 Comments:

At 2:49 da tarde, Blogger cereja said...

Os acontecimentos dizem respeito a 12 de Agosto e não como é referido, por lapsus, no título: 16 de agosto.

 
At 4:39 da manhã, Blogger . said...

Amigo cereja pode editar o post e alterar o título, assim passa a não haver erro nenhum.

Cumprimentos.

 
At 9:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Deixo aki a noticia do Jornal de Notícias. Sem comentários...nomeadamente o final da noticía.


População concentrou-se à porta da Junta de Freguesia onde foi distribuída uma carta de Luís Pinheiro, líder do MRCCS

Um grupo de populares de Canas de Senhorim, quase todo formado por mulheres, agrediu, ontem, um representante da única lista candidata às eleições para a Junta de Freguesia (JF) local. Manuel José Gonçalves terá sido pontapeado, ameaçado e injuriado logo após ter levantado, na sede da JF, a certidão que faltava para dar entrada, no Tribunal de Nelas, com o referido processo de candidatura.

Quando se aproximou do edifício da autarquia de Canas de Senhorim, Manuel José viu um enorme aglomerado de apoiantes de Luís Pinheiro e do Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim (MRCCS), mas, segundo fonte próxima do agredido, pensou que iria ser ameaçado e ouvir alguns impropérios, mas nunca ser vítima de agressões físicas. O mandatário da lista de independentes encabeçada pelo artista plástico Aires dos Santos apenas pretendia recolher o último documento que faltava para instruir o processo de candidatura e nada mais. É que, ontem, terminava o prazo para entregar a documentação no tribunal.

O líder do MRCCS, Luís Pinheiro, que se encontrava na sede da JF na sua qualidade de presidente do Executivo, cumpriu a sua missão, assinou a certidão colectiva de eleitores e entregou-a a Manuel José. Quando este se preparava para abandonar o edifício autárquico, a população, irada, atirou-se ao homem, rasgou-lhe a camisa, presenteou-o com os maiores palavrões e fez desaparecer, num ápice, o papel da Junta e, até, os documentos pessoais da vítima.

Cheio de medo, Manuel José recuou e voltou a entrar no mesmo gabinete onde havia estado minutos antes. Daí, chamou, por telemóvel, a GNR, cujo posto está localizado a meia dúzia de metros da JF. Como a GNR não compareceu, apesar de estar a cinco segundos de distância da autarquia, a vítima arriscou sair da sede da Junta. Mais uma vez, Manuel José voltou a ser agredido física e verbalmente pela população enfurecida e teve de fugir a passo largo para o quartel da Guarda, onde apresentou queixa-crime.

Ao JN, Luís Pinheiro recusou tecer qualquer comentário sobre as cenas de violência. Limitou-se a dizer que cumpriu escrupulosamente as suas obrigações de presidente da JF e lembrou que o que acontece fora da Junta não é da sua responsabilidade.

Cá fora, no meio da população, que só desmobilizou por volta das 18 horas, Margarida Sampaio, Carlos Rodrigues e Teresa Pinto defendiam que "o povo não pode estar dividido na defesa dos superiores interesses da luta de Canas a concelho. E esses senhores da lista de Aires dos Santos estão a mando e ao serviço do presidente da Câmara de Nelas para dividir o MRCCS, mas não vão conseguir, porque são meia dúzia, sem qualquer força ou importância".

A esmagadora maioria dos manifestantes eram mulheres e, ao JN, garantiram que "ninguém agrediu o senhor". "O homem chegou aqui e viu tanta mulher junta que não resistiu a tirar a roupa. Despiu a camisa e ainda queria tirar as calças, mas nós não deixámos. Estava tão louco que deixou cair os papéis todos no chão", afirmou, por entre sorrisos, uma manifestante.

 
At 9:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Outra noticia, 19-agosto, do Diário de Viseu.


GNR diz estar atenta a Canas de Senhorim
Com o clima de instabilidade instalado em Canas de Senhorim, a GNR diz estar a seguir com atenção o desenrolar dos acontecimentos. Entretanto, o ex lider do Movimento pela Restauração do Concelho, Luís Pinheiro, reconsidera voltar a assumir a liderança

É com "muito cuidado e atenção" que a GNR está a seguir toda a situação em Canas de Senhorim. A confirmação foi ontem dada pelo capitão António Valente, da Brigada Territorial nº5. Nos últimos dias vários episódios foram denunciados naquela vila, nomeadamente a alegada agressão ao mandatário da lista de independentes que concorre às Eleições Autárquicas de 9 de Outubro e a ocorrência de manifestações onde terão sido feitas ameaças a alguns membros da lista.
"A GNR está atenta a todos os desenvolvimentos e estamos preparados para fazer face a qualquer alteração da ordem pública. Actuaremos de acordo com a lei", disse o capitão.
Os últimos acontecimentos na vila que luta há anos para ser concelho já mereceram a condenação por parte de vários responsáveis, nomeadamente políticos, que apelam à calma.
Luís Pinheiro, presidente da Junta de Freguesia de Canas e actual candidato, admitiu entretanto voltar a liderar o Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim (MRCCS), liderança que tinha abandonado há cerca de duas semanas.
Segundo o autarca, têm sido várias as solicitações para voltar a assumir a liderança do Movimento. "Tenho recebido muitas pressões para voltar", disse Luís Pinheiro que afirmou ainda estar em "stand-by" quanto a uma decisão, admitindo no entanto que existe "instabilidade" em Canas causada pelos "traidores que só andam pendurados na política que dá dinheiro", referindo-se aos elementos da lista independente.
"O que eles querem fazer é um golpe em Canas, mas eu vejo o povo na rua com determinação", disse o autarca.

 
At 10:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Façam-me um favor não comentem estas notícias, são tristes de mais. Quem as leu o que terá dito de nós?!
Mas, como diz o povo, há males que vêm por bem.
Cumprimentos.
Boa troca de ideias.

 
At 10:53 da manhã, Anonymous Anónimo said...

bom comeco

 

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